quarta-feira, julho 25, 2007

Voltar de Madrid

Terça feira, dia em que deveria regressar para Lisboa, sem BI e sem passaporte, dizem-me alguns colegas que a carta de condução servia como documento de identificação, ou seja, podia voltar para casa! Optei por ligar para o aeroporto de Lisboa, para o aeroporto de Madrid, para linhas de Check-in e cheguei á conclusão que a sem BI e sem passaporte não podia embarcar mas o mais engraçado é que não existe qualquer “confiança” entre o aeroporto de Madrid e o de Lisboa no sentido em que poderia haver uma troca de informação oficial entre ambos a informar que “o Sr. Samir pode efecutar check-in e embarcar visto que o seu BI está em nossa posse e iremos enviar uma cópia para vocês”… e estamos nós na União Europeia.

Sem BI, sem passaporte, por fim informaram-me que tinha de ir ao Consulado Português pedir uma autorização de viagem única. No final da chamada para o consulado oiço do outro lado aquela arrogância tuga vinda da senhora com quem estava a falar: “… mas se você vier depois das 14 ninguém lhe abre a porta” (no meu relógio já eram 13) … em qualquer parte do mundo um tuga há-de sempre ser um tuga e com. A senhora também disse que tinha de tirar três fotos, surgiram então alguns dilemas: Consulado… onde? A net facilita tudo e o que vale é o consulado também era em Madrid. Como chegar ao consulado? O que vale é que um colega meu tinha carro alugado. Mas o pior mesmo era descobrir um sítio para tirar fotos!

“Buenas tardes, estou procurando un sitio para tirar fotos para el BI e passapuerte” era com isto que me desenrrascava, mas imaginem essa frase em sotaque espanhol senão não tem piada! Em sitio algum havia máquinas onde se tiram fotos instantâneas, até que lembei-me de ligar novamente para o consulado para saber se sabiam de algum sítio com essa finalidade: “… aqui na mesma rua, no número 70 há uma loja onde pode tirar fotos…” e eu a pensar: “ já podias ter dito, não??” chegámos á rua do consulado 15 minutos antes das 14, o consulado era o número 88, á frente havia uma loja que era o número 73, o 70 devia ser por perto. Com o tempo a apertar subi ao consulado para dizer que apenas ía tirar umas fotos e já voltava e peixeira repetiu: “Depois das 14 ninguém abre a porta!”.
Meto-me a correr na direcção mais lógica para encontrar o número 70 mas o mais engraçado é que para além do 88 e do 73 nenhuma outra loja tinha número… se as lojas não têm número, como é que os carteiros entregam as cartas? Devo ter entrado em 10 sítios diferentes sempre com o mesmo discurso e quando entro numa reprografia perguntando pelo mesmo, o gajo diz-me algo “senta-te aí”… epah… eu a correr tresloucado pela rua do Consulado á procura do 70, e era uma reprografia com uma cadeira antiga que tinha uma máquina fotográfica presa num tripé que por sua vez este estava partido e colado com fita cola a um móvel! Depois pedi a ele para cortar as fotos como se fossem fotos de passe, ele disse algo que não percebi, repeti o mesmo mais duas ou três vezes, ele repetiu o mesmo, continuei a não perceber (parecia a conversa do “não percebi o que disseste” “não e entiendo”), paguei e fui embora.

Bati á porta do consulado duma forma desesperada, e vá lá que ainda havia por lá uma alma caridosa. Tive de preencher dois ou três impressos, e quando dei por mim estavam quatro pessoas a trabalhar para mim em que uma delas era o próprio chanceler… ah! E informaram-me também que o meu passaporte estava caducado há alguns anos. O documento foi emitido e já podia voltar para casa.

Quer apenas realçar que a carta de condução não servia como documento de identificação para check-in e embarque, mas serviu para emitir o documento de viagem. Se eu lhes mostrasse o meu passe social acho seria o mesmo! Mas se tivesse sido assaltado e se não tivesse documento nenhum não sei como faziam.

É pena haver tanta burocracia quando no fundo tudo ficava resolvido com uma comunicação directa entre os aeroportos.

Resumindo: foi uma viagem de dois dias para Madrid, mas não fui em trabalho… fui para Madrid para saber como voltar de avião para o meu país de origem sem ter documentos de identificação.

4 comentários:

man disse...

ainda não foi desta que te conseguimos deixar fora da nossa vista...ou pensavas que a tuga do consulado não estava comprada por nós?! ahah...para a próxima seremos infalíveis!

Luis Barros disse...

Beemmmm!!! Isto faz-me lembrar um daqueles filmes do tempo da Guerra Fria, em que se tinha que tranportar um gajo da RDA para a RFA sem documentos.

Lamento as peripécias, mas sem elas não nos darias 2 grandes posts.

Luis Barros disse...

3 posts, alias.

The Animal disse...

Ouvi a história contada na 1ª pessoa, mas realmente escrito até tem + pormenores lool, epá são sempre cenas lixadas..mas olha, ficas 1 história p contar ;)