quarta-feira, janeiro 31, 2007

Destino

"... O destino, algo em que muita gente acredita. Qualquer acontecimento desde o mais ínfimo até ao mais significativo é considerado destino, como que se tudo já estivesse escrito num livro ao qual as pessoas lhe chamam “a vida”. É sempre algo ao qual ninguém consegue fugir e as próprias alternativas e decisões são obra do destino.

Para mim o destino não existe, é um conceito falso, uma palavra sem significado. Nada está escrito em sítio algum e nada está definido, tudo existe em branco e passa a ter vida em cada dia que passa. Todo o acordar de manhã representa uma incógnita, o vazio do dia que vou viver, mas tal acordar nunca é um vazio em si.

A minha vida é como um livro em branco, sem linhas delineadas para escrever o texto e apenas está preenchido com o meu passado. Palavras, frases, histórias, memórias, uma infinidade de tinta a preencher as inúmeras folhas. Cada dia representa uma página, duas, três até, algumas ficaram a meio sem um ponto final devido à minha tristeza e outras parecem poemas e contos dignos de um poeta. Com escrita simples ou elaborada, com palavras simples ou cheias de sentimento, nunca deixei de escrever nas minhas páginas e nunca nenhuma ficou em branco, mas em algumas a tinta já começa a desaparecer deixando que pequenas coisas se percam no esquecimento.

Ninguém consegue alterar o passado, corrigir erros, reescrever as paginas porque o que está escrito não pode ser apagado. E o futuro, o que fazer dele? ..."


"...É um livro interminável com muitas páginas escritas e com muitas mais à espera dos meus sonhos. Sempre que termino o dia fico a folhear as paginas que ainda estão vazias a pensar no que nelas irei escrever e vejo aquele branco puro ansioso por receber as minhas palavras. Seja no dia seguinte ou muito tempo depois elas ficarão preenchidas e se o destino existe mesmo, então todas aquelas páginas em branco já estão destinadas..."


In Um Livro Em Branco.

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